Os cancros da pele são os tumores mais prevalentes do corpo humano. São visíveis e, logo, fáceis de detectar e monitorizar.
Em regra, estão dependentes, na sua génese, de factores ambientais, em particular a exposição solar inadequada.
Podem ser prevenidos com a adopção correcta de medidas de protecção solar, as quais devem ser individualizadas em função do
fototipo específico de cada pessoa, e podem e devem ser tratados com sucesso se forem detectados precocemente.
São os casos concretamente dos carcinomas basocelulares (“basaliomas”), dos carcinomas espinhocelulares, dos melanomas malignos, dos carcinomas de células de Merkel e de muitos outros tipos de cancro que ocorrem no orgão pele.
Fixemo-nos nos Melanomas Malignos (MM):
- Não sendo o mais prevalente, é considerado o cancro mais agressivo da pele, estimando-se ocorrer em Portugal cerca de mil novos casos por ano. É um verdadeiro problema de saúde pública, verificando-se à escala global um aumento da sua incidência, (1 em cada 50 pessoas poderá ter um melanoma maligno ao longo da sua vida) a qual, no entanto, ocorre de par com um aumento da sobrevida, fruto de um diagnóstico efectuado cada vez mais precocemente.
- Pode afectar pessoas de qualquer idade e condição. Ocorre mais frequentemente (mas não exclusivamente!) em pessoas de pele e olhos claros, com sardas ou com múltiplos sinais (mais de 50), com dificuldade em bronzear, com história familiar de Melanoma Maligno e história pessoal, na adolescência e juventude, de “escaldões” solares, exposições periódicas intensas ao sol, frequência de solários artificiais ou imunossupressão medicamentosa.
- O MM tem como origem as células produtoras do pigmento da pele (melanócitos) e resulta ou da transformação de um sinal pré-existente ou, mais frequentemente, como uma lesão de novo entretanto surgida na pele. São lesões que se apresentam como “sinais” escuros, planos ou elevados, castanhos ou negros, por vezes rosados, muitas vezes heterogéneos na cor, na simetria e nos contornos e de crescimento mais ou menos rápido.
Todas as pessoas têm “sinais” e a maioria deles não oferece qualquer risco. É o saber distinguir um “sinal” normal de uma lesão
atípica ou de melanoma maligno que, permitindo um diagnóstico precoce, acaba por determinar um melhor prognóstico, garantindo a cura. São indicadores de melanoma maligno:
- O Método ABCDE em que A significa Assimetria, B designa Bordos irregulares, C aponta para uma Cor heterogénea, D orienta para um maior Diâmetro e E determina uma Evolução recente caracterizada por alteração do crescimento ou das características do sinal.
- O “Método Patinho Feio”, que designa a capacidade cognitiva em distinguir um MM no meio de múltiplos sinais normais; aquando de avaliação perante um espelho, o nosso olhar é como que atraído para um que se distingue de todos os outros – é o “patinho feio”!
Independentemente dos métodos anteriores, há que ter sempre em conta indícios, justificando então também consulta a Médico Dermatologista, como sinais recentemente modificados, assimétricos, ásperos à palpação, com sangramento, de feridas que não cicatrizam ou que causam prurido (“comichão”) e ficam rosados ou vermelhos. Há que ter em conta que, decorrendo do facto que a generalidade dos tumores cutâneos decorre de uma exposição solar inadequada, outros tipos de cancros cutâneos podem coexistir na mesma pessoa.
O Melanoma Maligno pode ter um crescimento muito rápido com metastização à distância, levando à morte; quando diagnosticado e tratado precocemente, permite taxas de cura de mais de 95%. O tratamento é cirúrgico com o recurso, nos casos mais avançados, a novos agentes terapêuticos que permitiram melhorar o prognóstico vital.
Uma conduta solar adequada ao tipo de pele (protecção solar) e uma vigilância regular (auto-exames e avaliação periódica por Dermatologista ) devem constituir rotinas pessoais e familiares extensivos a todos os fotótipos de Pele.
Dr. Rui Tavares Bello
Médico Dermatologista